7.5.06

Eu (sem-luz) inconformado!


Quando criança não temos muito como nos defender de uma série de ‘desacertos’.
A sociedade nos trata como criança (não apenas literalmente), a nossa cultura vem com aquele papo de dez mandamentos: “respeitar pai e mãe” e ‘tal respeito’ prolonga-se ao rabino, padre, ou qualquer outro tipo de sacerdote, e também aos nossos ‘mestres’ e por aí vai... Mas o que me incomoda e faz com que escreva estas letras é que o nosso ensino é horrível, nossos professores são horríveis (desculpem-me todos os professores – que considero a profissão mais importante do mundo), pois é foda ser professor, mas o aluno não tem culpa disso! Vou prolongar demais e não chego no assunto que me fez escrever isto; como temos que ser disciplinados durante nossa vida escolar pra conseguirmos entender conceitos idiotas que professores nos fazem – vou dar dois exemplos:
Primeiro exemplo) Quando estava no primário tive aula sobre a escravidão, princesa Isabel e outras coisitas relacionadas, disseram-me, ou melhor ensinaram-me que os colonos trouxeram os negros porque os índios eram preguiçosos e blá-blá-blá... Como criança e sem defesa argumentativa fiz com todos os meus colegas, acreditei! Afinal era o mestre que nos ensinava, e levei essa “verdade” até o meu colegial, ou um pouco mais, sei lá! Mas um belo dia pensei: “Pôxa! Será que o índio era mesmo preguiçoso? Mas quem é que quer ser escravo? Nossa! O índio morava aqui, portanto deveria conhecer o local e caso tivesse sido pego como escravo conseguiria fugir e esconder-se, afinal era o terreno dele! Já o africano que foi retirado de sua pátria, perdendo sua identidade e cultura, estaria fragilizado e não conseguiria se opor (banzo maldito!), além do que era muito mais interessante trazer os escravos de fora, pois valeriam mais (capitalismo maldito!)...” e meu pensamento foi e por fim libertei-me da horrível idéia que índio era preguiçoso, que o colono era bonzinho, mas que estupidez! Será que a minha professora do primário era tão insana (ou tão racista) que acreditava na idéia que passou pra mim??
Segundo exemplo) Outra insatisfação em meu ensino foi em uma aula de matemática. A professora havia ensinado umas continhas de dividir com dois algarismos divisores, como 640 dividido por 32, eu dei logo a resposta: “20!” A professora achou maravilhoso um aluno resolver tão rápido o exercício e pediu pra eu ir até a lousa e mostrar para a classe como tinha resolvido a equação, fui (infelizmente) e mostrei o meu jeito, falei o que fiz; fui cortando os números de um lado e de outro, dividi tudo por dois: 740 por 32, era como 320 por 16 e depois 160 por 8, que deu 80 por 4 e em seguida ficou ainda mais fácil; 40 por 2 e finalmente 20 por 1, ou seja: 20! Ao invés de palmas recebi uma porrada de insultos, disse que não foi assim que ela tinha ensinado, que o meu jeito era preguiçoso (talvez como o índio, do exemplo anterior), que eu iria me confundir, que estava confundindo toda a sala e... mais um monte de blá-blá-blás! Eu pensei: “pôxa! Se não posso fazer assim, por que é que ensinam o MMC e o MDC e todas as outras baboseiras de dividir números primos e sei lá mais o quê?”
E por causa de uma professora ignorante que traz um método muito mais complicado para as crianças aprenderem a dividir e que se sente insultada com um aluno que faz de um outro modo, que previamente ela havia elogiado por causa da rapidez da resposta... Sério isso fez com que eu ficasse um tempo (de uns dois anos) sem fazer as contas de outro modo, pois tinha que respeitar o tal professor que deveria ensinar o aluno como ser flexível perante as situações da vida, mas ele mesmo não oferece exemplo.
Tudo bem! Vamos entender. Os professores ganham mal, trabalham pra caramba, tem que ficar corrigindo prova e trabalho. Sim, muitas vezes corrigem as provas e trabalhos de um batalhão de alunos, pois dão aulas pra diversas turmas e em mais de uma escola, mas não precisavam ser tão ignorantes (nos dois sentidos)!
Um apelo professor: não seja ignorante com seu aluno; ele confia em você, você deveria fazer o mesmo: Confiar em seu aluno..., engraçado esse termo errôneo: aluno, o A significa sem; e o LUNO significa luz; Aluno então é aquele sem luz, que se volta para o mestre possuidor de tal luz que esse ser almeja, mas muitas vezes o que esse sem luz recebe é apenas uma opinião insensata de um fulano tão sem luz como ele... Eu sei que fui muito agressivo, portanto perdoem-me todos os professores iluminados ;)

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Bom, eu como professora só posso me defender e defender a minha classe...

Sim, os professores recebem mal e têm péssimas condições de trabalho. Sim, há péssimos professores como há quaisquer péssimos profissionais. Sim, os professores em geral não recebem incentivos para estudos e discussões construtivas. E sim, muitas vezes a burocracia é primeiro vista que o trabalho feito em classe.

Mas isso não impede a dedicação das pessoas. O que mais tenho visto é gente interessada em se aprimorar, gente com dúvidas procurando respostas em tudo quanto é lugar, nem sempre encontrando. O que mais tenho visto é professores acuados pela falta de ética da sociedade e mil outros desafios que nós não encontramos na nossa escola quando crianças. Cursos gratuitos e pagos estão abarrotados de professores que buscam respostas e soluções.

Se a Educação está do jeito que está não é por falta de interesse ou espírito crítico dos professores. O verdadeiro inimigo e criminoso está no Estado, que desleixa a atenção com a Educação, historicamente. A ditadura militar influenciou a perspectiva de vista em relação à formação de nossa nação, porque é essa a sua função, ludibriar o povo, mantê-lo acéfalo e cortês. E tampouco a intenção de hoje é levar senso crítico às massas.

Não se esqueça de que você cursou escola pública que cantava o hino nacional no pátio com bandeira em riste. Você também cursou uma escola apostilada. Não teve a oportunidade, como a maioria da população, a uma formação de qualidade, diferente de um ensino de qualidade.

Não nos degladiemos entre nós. Precisamos nos unir e organizar contra um mal maior que atinge a todos nós, professores, alunos, ex-professores, ex-alunos, excluídos: o Estado incompetente e que se deixa corromper pelos interesses dos poderosos, ao invés de cumprir sua verdadeira e esquecida função.

2:55 PM  
Blogger Eu canto no chuveiro said...

E viva a Rô!

7:16 PM  

Postar um comentário

<< Home